Marcus Flexa pertence àquela classe de talentos que salta aos olhos. No caso dele, principalmente, aos ouvidos.
Músico talentosíssimo, dotado de proficiência criativa poderosa, dádiva concedida a poucos, na profissão. Um de seus vários bordões: "Tenho mais de duas mil Músicas, embaixo do sofá!". Não sei se embaixo, dentro, atrás, enfim, e pelo jeito, já havia passado de quatro mil composições. Não duvido.
Ele foi um dos primeiros Músicos que conheci, quando cheguei a São José dos Campos. Foi através dele que tive contato e me tornei conhecido, no cenário musical da cidade. Meu "dèbut", foi em um Show no SESC daqui, onde integrei, com a maior alegria e prazer, a Banda montada pelo Flexa para um evento musical. Acho que o ano era 1982. Não tenho certeza.
Daí em diante, tínhamos maior ou menor contato, dependendo dos trabalhos que surgiam. Foi através dele, também, que fui apresentado à Banda Casablanca, montada pelo Chico Oliveira, que eu já conhecia do INPE e de uma "canja", no antigo Bar e Restaurante Chaminé.
Também nos revezávamos, Flexa e eu, como Pianistas no antigo Restaurante "417", que ficava na Av. 9 de Julho.
Um tempo depois, ele saiu da Casablanca e eu continuei. Mas, sempre mantínhamos contato na medida do possível.
Era um Músico que (perdoem a expressão), ao entrar no banheiro, saia de lá com duas ou três Músicas já prontas. Literalmente. Cansei de ouvi-lo me contar: "Raulzão, esta daqui eu compus ontem, em mais um 'momento de inspiração' ". E dava risada.
Versátil em demasia, até. Multi- Instrumentista. Difícil dizer qual era seu Instrumento "de fé". Tocava e compunha no Teclado, Violão, Guitarra, Contrabaixo, Saxofone, etc. Nasceu predestinado para a Música. Talento natural. Assim como seu talento para ser "Do Bem" e para suas "tiradas engraçadas" que faziam parte do seu folclore pessoal. Como me contou, recentemente, Benoit Decharneux. Músico competentíssimo, Guitarrista Maravilhoso e grande Parceiro.
Certa vez, o Benoit já havia terminado seu serviço e, na volta para casa, passou pela porta de um antigo Boteco chamado "Aconchego". Lá estava o Flexa, de Guitarra, acompanhando a Dola, Cantora tarimbada, das noites joseenses. Logo ao entrar, diz ele, notava-se algo diferente, estranho, no som. Só não tinha certeza do que era. Ao final de uma seleção de músicas, quando o Flexa pousou a Guitarra no suporte, descobriu-se o mistério daquele "Som Estranho...". Olhando bem, ele viu que a Guitarra só estava com QUATRO cordas! Quase a noite inteira, tocando daquele jeito! Não que estivesse ruim. A competência do Flexa jamais permitiria uma performance abaixo do seu padrão. Mas...estranho.
Vira-se o Benoit pra ele diz, como quem está dando bronca:
-"Pô, Flexa! Como é que você me aparece pra acompanhar a Dola, só com QUATRO cordas na Guitarra, rapaz????" E o Flexa, olhando pra Guitarra no suporte, de volta pro Benoit, sorrindo e diz baixinho:
-"Pois é, Benoit, mas, também, esse 'buteco" aqui tá me pagando uma 'merreca'!!!".
Quatro cordas estava bom até demais! rsrsrsrsrsrs
Saudades, Flexa. Seu Talento inspirou muita gente e você trouxe muitas alegrias com o seu jeito de ser.
Que Deus te receba com muito Amor e Carinho. Você merece, véio!
Um comentário:
Uma família de literatos, além de artistas.
Sério mesmo, eu adorei, fado dos teclados e canetas.
É a cara do Flexa.
Vou compartilhar.
Rossana
Postar um comentário